sábado, 15 de outubro de 2011

RASCUNHO DA AULA DE TEOLOGIA PASTORAL DO DIA 24/09/2011 d.C

RASCUNHO DA AULA DE TEOLOGIA PASTORAL DO DIA 24/09/2011 d.C  
Parte II - Cap. 2 – O modo do cuidado do rebanho

ATENÇÃO: Este rascunho não substitui o verdadeiro conteúdo e impacto desta obra que deve ser lida constantemente por todos aqueles que estão servindo a DEUS como ministros e oficiais da SANTA IGREJA DE CRISTO, APOSTÓLICA E ESCRITURÍSTICA para a GLÓRIA DE DEUS. Recomendo a aquisição livro Manual pastoral do discipulado (O Pastor Reformado) de Richard Baxter e pelo menos uma leitura e reflexão anual deste livro para o desenvolvimento de uma verdadeira liderança bíblica nas ações pastorais.


Baseado no livro:
BAXTER, Richard. Manual pastoral do discipulado. (The Reformed Pastor). São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

Primeira Parte: Atendendo por nós mesmos

I. A natureza do cuidado
II. Os motivos do cuidado

Segunda Parte: O cuidado com o rebanho

I.  A natureza do cuidado
II. O modo do cuidado
III. Motivos para o cuidado do rebanho


Terceira Parte: Aplicação
I.  O uso da humilhação
II. O dever da instrução pessoal e particular do rebanho

A.    Motivos para o cumprimento desse dever

1.    Motivos advindos dos benefícios desse trabalho
2.    Motivos advindos das dificuldades do trabalho
3.    Motivos advindos das necessidades do trabalho
4.    Aplicação dos motivos

B.    Objeções contra o dever do ministério pessoal individualizado

C.   Orientações para o desenvolvimento do ministério pessoal
1.    O convencimento do povo
2.    A aplicação da instrução e orientação personalizada


SEGUNDA PARTE: O CUIDADO COM O REBANHO – CAP. II – O MODO DO CUIDADO


  1. A obra ministerial deve ser desempenhada puramente para Deus e a salvação das almas, não para nossos próprios fins particulares.
  2. A obra ministerial deve ser desempenhada com esforço e diligência, pois tem consequências inefáveis para nós e para os outros.
  3. A obra ministerial deve ser desenvolvida com prudência e ordem.
  4. Devemos escolher prioridades.
  5. Devemos comunicar com simplicidade.
  6. Devemos ensinar com humildade.
  7. Severidade e mansidão; zelo e amor.
  8. Perseverança e reverência por Deus e por sua Palavra.
  9. Devemos manter vivos os sinceros desejos e expectações de sucesso verdadeiro.
  10. Todo aspecto do trabalho deve ser feito com profundo senso de nossa própria insuficiência e total dependência de Cristo.
  11. Conclusão: temos de nos aplicar à união e comunhão entre nós, pastores, e à unidade da paz nas igrejas que supervisionamos.

1. A obra ministerial deve ser desempenhada puramente para Deus e a salvação das almas, não para nossos próprios fins particulares.

- A finalidade errada torna errado todo o trabalho, não obstante a boa natureza da obra. Não estaremos servindo a Deus, mas a nós mesmos, se não estivermos realizando a obra exclusivamente para ele, negando a nós mesmos. Aqueles que se envolvem no ministério como se fosse profissão comum, apenas para o sustento material, descobrirão que escolheram a profissão errada, embora não deixe de ser um bom emprego.

- A abnegação é absolutamente necessária para todo cristão, mas duplamente necessária para o pastor. Nenhum obreiro poderá render sequer uma hora de serviço fiel para o Senhor, se não tomar a sua cruz para segui-lo. Sem a finalidade certa, muito estudo, muito conhecimento, excelência na pregação e tudo mais, servirão apenas para acrescentar mais peso ao pecado de hipocrisia “glorificado”.

- O dito de Bernardo* é do conhecimento comum: “Alguns desejam conhecer apenas por causa do conhecimento, o que é curiosidade embaraçosa. Alguns desejam conhecer a fim de vender conhecimento, o que também é vergonhoso. Alguns desejam conhecer por amor à própria reputação, o que denuncia indigna vaidade. Mas há aqueles que desejam o conhecimento a fim de edificar a outros, e isto é louvável: e há também aqueles que, além dos outros, desejam conhecer para edificar a si mesmos, e isto é sabedoria”.

- (*) Bernardo de Fontaine (1090-1153 d.C) abade de Clairvaux, em seu “Sermão sobre o conhecimento e ignorância” (N. do E.)


2. A obra ministerial deve ser desempenhada com esforço e diligência, pois tem consequências inefáveis para nós e para os outros.

- Buscamos edificar o mundo, salvá-lo da ira de Deus, aperfeiçoar a criação, alcançar os fins da morte de Cristo, salvar a nós mesmos e a outros da condenação, vencer o diabo e derrotar seu reino, estabelecer o reino de Cristo e alcançar os outros para o reino da glória! Deveriam ser, tais obras, realizadas com desleixo ou mão preguiçosa? De modo nenhum. Antes, trata-se de uma obra à qual deveríamos dedicar todas as forças. Estudem muito, pois o poço é fundo e nosso cérebro é raso.

- Que as palavras de Paulo ressoem continuamente em seus ouvidos: “sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! ( I Co. 9.16).

3. A obra ministerial deve ser desenvolvida com prudência e ordem.

- O leite vem antes da carne e o fundamento tem de ser colocado antes da tentativa para erguer a estrutura. Crianças não devem ser tratadas como homens de plena estatura. As pessoas têm de ser trazidas a um estado de graça antes que possamos esperar delas as obras da graça. A obra da conversão, o arrependimento e a fé em Cristo precisam ser ensinados primeiro, frequente e detalhadamente. Não deveríamos ir além da capacidade de nosso povo nem ensinar a perfeição, se eles ainda não aprenderam os primeiros princípios da religião.

- disse Gregório de Nissa: “Aos infantes, não ensinamos os preceitos profundos da ciência, mas as primeiras letras, e depois sílabas, etc. Assim, os guias da Igreja deveriam propor aos seus ouvintes, primeiro, certos escritos elementares e, então, gradativamente, abrir ocasião para as questões mais perfeitas e misteriosas”. Assim a Igreja se esforçou com seus catecúmenos antes de batizá-los, e não colocaram pedras não-trabalhadas no edifício.


4. Devemos escolher prioridades.

- Se pudermos ensinar Cristo a nosso povo, teremos ensinado tudo. Levem-nos bem ao céu e ele terão o conhecimento suficiente.

- As grandes e reconhecidas verdades da religião dão fundamento à vida do homem, as quais são os grandes instrumentos de destruição dos pecados dos homens e de elevação dos ouvintes a Deus.

- (...) A vida, porém, é curta e nós somos obtusos. Somente as coisas eternas são realmente necessárias e preciosas para as almas que dependem de nossa pregação. Afirmo que tal necessidade tem conduzido meus estudos e minha vida (...).

- (...) Quem poderá gastar tempo com coisas inúteis, sentindo as urgentes esporas da necessidade?

- Sem dúvida, a melhor maneira de remir o tempo é garantir que não percamos uma hora sequer, aplicando-as somente nas coisas realmente necessárias. Assim é que seremos mais úteis para o próximo, ainda que nem sempre haja gratidão ou aplausos.
- (...) “As necessidades são comuns e óbvias; são as superficialidades com as quais desperdiçamos o tempo, labutamos e reclamamos de não atingidas”.


5. Devemos comunicar com simplicidade.

- Portanto, os pastores deveriam observar a situação de seus rebanhos a fim de reconhecer o que lhe é mais necessários, tanto em relação ao assunto quanto em relação à maneia de ensinar.

- (...) É preferível a linguagem simples do que a elegante falsidade ou vaidade de autores que, “com grande esforço, nada dizem”. Proponho seguir o conselho de Agostinho: “Demos primazia ao significado da Palavra, para que a alma tenha precedência ao corpo; assim estaremos buscando verdades maiores á medida que ouvimos discursos de maior discernimento, tal como em nossas amizades buscamos antes a sensatez do que a beleza”.
- Certamente, da maneira como eu fizer quanto aos estudos para minha própria edificação, assim farei em relação ao ensino para a edificação de outras pessoas. (...)



6. Devemos ensinar com humildade.

- Temos de ter uma atitude mansa e condescendente para com todos. Primeiro temos de dispor as pessoas ao aprendizado por meio do exemplo de nossa própria prontidão para aprender. Ensinamos e aprendemos ao mesmo tempo. (...) O orgulho é um vício que não cabe a homens que deveriam demonstrar humildade na condução de pessoas para o céu. (...)

- (...)  A raiz do orgulho alimenta todos os demais pecados. Daí a inveja, as contendas, a falta de paz dos pastores; daí os impedimentos da reforma espiritual. Todos querem liderar, poucos aceitam seguir ou cooperar. Daí, também, a falta de proficiência de muitos ministros, pois são orgulhosos demais para aprender. (...)

7. Severidade e mansidão; zelo e amor.


- Deve haver uma mistura prudente de severidade e mansidão, tanto na pregação quanto na disciplina, infelizmente, há muitos que privilegiar a mansidão por acharem que agir assim é demonstrar amor. Entretanto, se esquecem de que a justiça requerida por Deus na execução da disciplina deve ser mantida tanto quanto o amor. Quem ama corrige. A correção mansa não anula a necessidade de disciplina.


- Romanos 11.22 / Cl. 4.19 / Ex. 32.32 / I Jo. 1.16 / 2 Tm. 4:5-8 / At. 20.24 / 2 Co. 1.2.15 / I Jo. 2.9 / Hb. 12.6


8. Perseverança e reverência por Deus e por sua Palavra.

- Haveremos de suportar muitos abusos e injúrias da parte daqueles a quem buscamos fazer o bem. Depois de termos nos dedicado ao estudo, á oração, á exortação, insistido nos apelos com toda sinceridade e condescendência, tendo dado tudo o que pudemos e cuidado deles como se fossem nossos filhos, deveremos saber que muitos ainda nos tratarão com desdém, ódio e desprezo. Considerar-nos-ão inimigos, porque lhes “dissemos a verdade” (...).

- Reverência é o afeto da alma que procede de um profundo respeito por Deus e revela uma vida que se comunica com o SENHOR. Irreverência em relação às coisas de DEUS implica hipocrisia e revela um coração incoerente com aquilo que a língua professa. (...) se não houver reverência liada ao fervor, pouco restará. (...) Quanto mais a glória de Deus for aparente em nossos deveres, maior autoridade teremos diante dos homens. Ao nos aproximar das coisas santas de Deus, deveríamos imaginá-lo em seu trono, cercado de milhões de anjos gloriosos a seu serviço, e a nós mesmos, maravilhados com sua majestade – a fim de não as profanar nem tomar o nome de Deus em vão.

- TODO O NOSSO TRABLHO DEVE SER FEITO ESPIRITUALMENTE, COMO POR HOMENS POSSUÍDOS PELO ESPÍRITO SANTO. Novamente, Baxter aponta o orgulho espiritual como um grave pecado. Nossa atitude diante do conhecimento revelado por Deus deve ser da inteira gratidão, conscientes de que nossa tarefa é comunicar aos homens a verdade da Escritura e não nosso próprio conhecimento. Nenhum conhecimento humano pode ser comparado ao conhecimento revelado de Deus na sua Palavra.

- Cl. 6.14

- (...) A PERDA DE PRAZER NA EXCELÊNCIA DA ESCRITURA é sinal de coração desordenado. No coração verdadeiramente espiritual há uma correspondência tácita com a Palavra de Deus, pois esta é a semente que o regenerou. A Palavra de Deus é o selo que autentica as santas impressões no coração dos crentes, glorificando neles imagem divina. Por isso, eles só podem ser como a Palavra quer que sejam – e a estimam durante toda a vida.

9. Devemos manter vivos os sinceros desejos e expectações de sucesso verdadeiro.


- Se seus corações não estiverem considerando o fim da labuta, não almejarem a conversão e edificação de seus ouvintes, e não estudarem e pregarem com esperança, provavelmente não verão muito sucesso verdadeiro.

- A ausência de tais motivações é sinal de que o coração se ocupa com falsidade e autopromoção, buscando sucesso humano e contentando-se com uma obra infrutífera aos olhos de Deus.

- Tenho observado que Deus raramente abençoa uma obra sem que o obreiro tenha o coração determinado a ser bem-sucedido segundo o propósito divino.

- Que Judas conserve sozinho a característica de amar a bolsa do que o trabalho! Não podemos fingir interesse na obra e importar-nos mais com o salário e a satisfação com o louvor do povo.

- Que aqueles que pregam Cristo e a salvação dos homens não se satisfaçam até que obtenham o fruto de sua pregação. Aquele que permanece indiferente ás finalidades corretas da pregação, que não se entristece com o fato de não as atingir nem se alegra com a obtenção de resultados talvez jamais tenha operado segundo os fins adequados para um pregador.

 -  Há quem estude apenas o que deve dizer para ocupar seu tempo no púlpito, sem almejar mais do que a opinião das pessoas sobre a própria capacidade, e assim servindo Cristo, até mesmo, quando prega Cristo, por mais excelentes que sejam suas palavras.

- Nenhum médico sábio e bondoso se contentaria com a prescrição de remédios, sem jamais ver a melhoria de seus pacientes, senão a morte, ano após ano. Igualmente, um professor sábio e honesto também não se contentaria com o magistério, se seus alunos não mostrassem tirar proveito de suas instruções; professor e alunos se cansariam do labor.


10. Todo aspecto do trabalho deve ser feito com profundo senso de nossa própria insuficiência e total dependência de Cristo.


- Temos de buscar luz, vida e força naquele que nos enviou para a obra. Quando sentirmos vacilar a fé, nossos corações estiverem oprimidos e julgarmo-nos incapazes para realizar tão grande obra, acharemos nele os recursos e oraremos: “Senhor, enviar-me-ias a persuadir outros à crença, tendo, eu mesmo, o coração incrédulo? Terei de instar diariamente com pecadores, sem que eu mesmo creia e sinta mais do que eles, o valor da vida e da morte? Não me envies nu e desprovido para o labor; antes, segundo promessa, capacita meu espírito”.


- A oração terá de acompanhar a obra e pregação: não será possível pregar de coração, sem que oremos sinceramente por nós e por nossos ouvintes. Se não nos dispomos a instar com Deus para que lhes dê fé e arrependimento, também não conseguiremos instar com as pessoas para que creiam e se arrependam.

- Quando nosso próprio coração desordenado considerar maior desordem no coração do nosso povo, se não orarmos a Deus para nos curar e ordenar, certamente laboremos sem sucesso.

11. Conclusão: temos de nos aplicar à união e comunhão entre nós, pastores, e à unidade da paz nas igrejas que supervisionamos.


- Tendo dado, acima, os aspectos concomitantes do trabalho pastoral a ser realizado por todo pastor, permita que eu conclua com um elemento necessário especialmente para nós, companheiros na obra: temos de nos aplicar à união e comunhão entre nós, pastores, e á unidade da paz nas igrejas supervisionamos. Temos de ser sensíveis a tão grande necessidade, para a prosperidade geral, o fortalecimento da causa comum, o bem dos membros particulares do rebanho, e o crescimento do reino de Cristo.

- (...) os senhores terão de manter a simplicidade da antiga fé cristã, fundamento e centro da unidade universal. Deveriam odiar a arrogância dos que induzem novidades e maquinações para rasgar e dilacerar a Igreja de Cristo, sob a pretensão de realçar os erros em nome da manutenção da verdade. A suficiência  da Escritura deverá ser mantida e nada além dela deveria ser imposto, por quem quer que seja. Se nos exigirem que declaremos nossos princípios de fé e prática, mostremos-lhe a Bíblia, mais do que as confissões de Igrejas ou escritos de homens. Temos de distinguir entre certezas e incertezas, coisas necessárias e coisas desnecessárias, verdades universais e opiniões particulares, enfatizando a paz da Igreja sobre as primeiras e não essas últimas.

(...)


ESTUDEM , OREM, EXAMINEM-SE e PRATIQUEM, pois mediante essas quatro coisas, os senhores terão aumentadas a capacidade e a habilidade para ministrar.


CUIDEM DE SI MESMO PARA QUE NÃO SEJAM FRACOS NEM NEGLIGENTES, ENVERGONHANDO A OBRA DE DEUS.


Prof. Luis Cavalcante – Responsável pela Disciplina Teologia Pastoral


Academia Bíblica (futuro STT - Seminário Teológico da Trindade – Presidente: Prof. Dr. Paulo Romeiro)


Divulgação: http://luis-cavalcante.blogspot.com

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